Lá aprendi de tudo, aprendi que as coisas não são fáceis incluindo a vida, aprendi que nós de família humilde, temos que batalhar muito pra conseguir o que desejamos, e que isso não é um problema para os nordestinos. Batalhamos o quanto for preciso, e a única certeza que temos... É que vamos conseguir, por que não há golpe que derrote um nordestino.
Aos 16 anos tive que sair da cidadezinha e seguir meus sonhos, mesmo isto não sendo muito claro ainda na minha cabeça. Mas minha mãe que estava levando eu e meus irmãos, sabia o que estava fazendo. Se não sabia o que queria, sabia o que não queria para nós. Tínhamos muitos sonhos que Itapetim infelizmente não podia suprir. Eu queria estudar teatro!
Em São Paulo entrei na companhia de teatro Heliópolis. Grupo de teatro da comunidade onde eu morava. Lá conheci as pessoas mais importantes da minha vida, que me deram todo apoio e estrutura nessa minha mudança de vida, onde eu chorava muito com saudade do sertão, dos amigos e do meu pai. A companhia me ensinou o que era teatro, e o por que viviam por essa arte. Com eles tive a chance de fazer minha primeira viagem Internacional, Holanda – Amsterdã. Foi incrível!
Meu diretor Miguel Rocha, sempre conversava com a gente, éramos jovens que morávamos na periferia, ele dizia que tínhamos que estudar, que arte se trata de muito estudo e dedicação. Foi aí que me inscrevi na Fundação das Artes, um curso técnico em arte dramática, com duração de 3 anos e meio, fora as horas de estágio.
Então eu trabalhava na companhia na parte da manhã, e a noite eu ia para o curso. Até que sai da companhia e comecei a fazer aulas de circo em um galpão um pouco longe de casa, onde eu trabalhava nas festas de finais de semana que o galpão fazia, então eu ganhava um dinheirinho. E quando não tinha festa, eu trabalhava alguns finais de semana com recreação nos restaurantes Outbacks. Assim fui indo, até me formar! E por fim, eu era uma atriz.
Assim que me formei, a Escola Nacional de Circo no Rio de Janeiro, abriu um edital que oferece uma profissionalização em artes circenses, curso técnico em artes circenses. Onde você estuda 2 anos por um período integral das 8h as 17h diferentes modalidades circenses, te oferecem uma bolsa para sua alimentação , moradia e necessidades que tenha para morar no Rj.
Me inscrevi nesse edital e passei, mesmo sendo uma iniciante nas artes do circo.
Faltando apenas 6 meses para me formar, recebi uma proposta de trabalho para trabalhar em Dubai, junto com o meu companheiro Kaue Rodrigo com um número que tínhamos criado durante o curso, onde eu fico suspensa pelo cabelo e ele pelos dentes.
Conversamos muito, pedimos a opinião de pessoas próximas na escola, por que teríamos que abandonar o curso. Vimos as melhores possibilidades, e decidimos trancar o curso.
Começamos a trabalhar na Jordânia (país que o circo mudou, depois de Dubai). Nosso trabalho começou a ser mais visto e recebemos um convite para participar de um show de talentos na Alemanha, foi uma experiência incrível!! Fomos finalistas, mas, não ganhamos o prêmio, ganhamos muita experiência, conhecimento, e sem dúvida amadurecemos um pouco mais no nosso trabalho.
Somos novos nesse meio, entramos no mercado de trabalho agora, tudo o que pudermos aprender é precioso. Estamos nessa estrada aprendendo juntos.
Sinto muita falta do meu sertão, da minha família que está em São Paulo, mas o que me conforta, é saber que onde eu vou, eu levo tudo isso comigo! Em todos os meus trabalhos de alguma forma eu falo do sertão, falo do povo que me ensinou a enfrentar tudo o que vier. Por que na verdade é minha história que faz o meu trabalho,
meu trabalho é quem eu sou. E não canso de falar que sou terra, sol, sou cacto. Sou tudo o que meu berço me deu para que eu pudesse crescer e mostrar a beleza dele nos palcos do mundo, nas ruas, e em todas as cidades que eu visitar.
Veja algumas fotos e vídeos de Jéssica:
Esta foto foi tirada pelo Prof. Cássio José
Família - Mãe e Irmãos de Jéssica
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