Depois de uma semana com deboches sobre investigações da Polícia Federal, até com promessas de criação de uma empresa para vender joias, por parte da ex-primeira dama do Brasil, o núcleo mais próximo a Jair Bolsonaro (PL) tem encontro marcado com a Polícia Federal. Ele e sua mulher, Michelle Bolsonaro; o ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid e o pai dele, general Lourena Cid; o advogado Frederick Wassef e outros serão ouvidos em oitivas simultâneas, nesta quinta-feira (31/8), com início previsto para as 11h.
A intimação da PF é para que sejam realizadas oitivas no âmbito do inquérito que apura a suposta venda ilegal de joias recebidas pelo ex-chefe do Executivo federal em viagens oficiais. Nesse caso, a investigação recai diretamente sobre Bolsonaro, uma vez que a polícia suspeita que os valores arrecadados com a venda de itens vendidos ilegalmente teria a finalidade de ser incorporado ao patrimônio do ex-presidente.
Em outros depoimentos, Bolsonaro optou por falar. Negou acusações e até voltou atrás em posicionamentos. Neste próximo, ainda não se sabe qual estratégia os advogados do ex-presidente usarão, se ele fala ou se prefere o silêncio. A expectativa é que seja mantida a estratégia de outras ocasiões e que a versão do ex-presidente seja exposta.
Desta vez, há uma outra peculiaridade: os depoimentos serão tomados pela PF na mesma hora, para que não ocorra a combinação de respostas.
As oitivas ocorrem após a operação de “Lucas 12:2”, deflagrada, em 11 de agosto. Entre os alvos da ação, estavam Mauro Cid, Mauro Cesar Lourena Cid, Frederick Wassef e Osmar Crivelatti.
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Mauro Cid e seu pai teriam negociado a venda de joias com lojas de luxo dos Estados Unidos. Entre os itens, aparece um relógio Rolex que teria sido comercializado por R$ 300 mil. Wassef também estaria no esquema criminoso. O advogado teria comprado um relógio Rolex Day-Date, vendido para a loja Precision Watches, que, segundo ele, foi recuperado para devolver o item aos cofres da União.
A operação tem um título que faz referência ao seguinte trecho bíblico: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”. Assim, prestam depoimento como testemunhas, nesta quinta-feira, além do casal Bolsonaro:
Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações;
Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro;
Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro e coronel da reserva do Exército;
Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Cid e general da reserva;
Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro e tenente do Exército.
Ironia
Durante o fim de semana, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ironizou a investigação sobre desvio de joias recebidas pela Presidência da República. Ela disse que fará uma “limonada docinha” desse limão e que lançará linha de produtos próprios chamada “Mijoias”.
Durante evento do PL Mulher, em Pernambuco, no sábado (26/8), Michelle afirmou que o caso das joias serve para “desviar foco” da CPI do 8 de Janeiro.
“Mas vocês pediram tanto, vocês falaram tanto de joias, que em breve teremos lançamento Mijoias para vocês”, anunciou. “Mas sabe o que aconteceu? Vou fazer limonada docinha desse limão. Vou. E vou falar para vocês: quem me colocou aqui vai me fortalecer, que é Deus”, completou a ex-primeira-dama.
Michelle ainda tentou minimizar as investigações sobre o caso das joias e afirmou que paga suas contas em dia e “sempre teve medo do (sic) Serasa”. A declaração faz referência a ter o nome sujo por dívidas em instituições financeiras, como crédito, cheque especial e empréstimos.
“Senhor, me ensina a ser obediente. Eu sei que estou apanhando igual gente grande. Sempre paguei minhas contas direitinho, sempre tive medo de ir para o (sic) Serasa. Aí falaram que eu era laranja do Queiroz [Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro], porque a gente emprestou um dinheiro para ele”, disse Michelle.
Mensagens com empresários
O ex-presidente da República também tinha oitiva marcada para esta quinta-feira (31/8) no âmbito da investigação sobre o caso de empresários que discutiram golpe de Estado em mensagens de WhatsApp, no entanto, o depoimento será remarcado.
No oitiva, Bolsonaro seria questionado pela PF sobre empresários que discutiram um golpe de Estado caso o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse eleito presidente da República, em mensagens trocadas no WhatsApp.
Empresários bolsonaristas defendem golpe de Estado caso Lula seja eleito
A defesa de Bolsonaro pediu o adiamento do depoimento sobre a acusação de disseminação de fake news — que foi aceito pelo delegado responsável pelo caso —, alegando que não conseguiu terminar de ler os “autos volumosos” e que só teve acesso a eles na segunda (28/8).
Via: Metrópoles