De nove vacinas prioritárias do calendário infantil, nenhuma atingiu a meta de 95% de imunização no ano passado. A maior parte delas ficou, em média, na casa dos 70%. O dado explica um fenômeno que tem preocupado autoridades de saúde: a volta de doenças consideradas controladas. Febre amarela, sarampo, difteria, tétano, coqueluche e o risco da poliomielite mostram como o desleixo com a vacinação trouxe para o Brasil enfermidades do passado, sinônimo de atraso.
No início do século 20, as doenças imunopreveníveis, como poliomielite e varíola, eram endêmicas no país. Elas causavam elevado número de casos e mortes. As ações de imunização e, especialmente, os 44 anos de existência do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, foram responsáveis por mudar o perfil epidemiológico das doenças imunopreveníveis. Essa é considerada uma importante conquista da sociedade brasileira.
O Brasil já vive problemas causados pelo abandono das vacinas. O sarampo voltou a infectar dois anos depois de ser erradicado. A circulação do vírus na Venezuela, aliada à baixa imunização no Brasil, desencadeou surto no Norte do país, sobretudo no Amazonas e em Roraima. Ao todo, seis unidades da Federação registraram casos. Quase mil pessoas adoeceram este ano. Além disso, a mortalidade infantil teve a primeira alta em 26 anos. Desde 1990, isso não acontecia.
O risco de contaminação subiu enquanto a parcela da população imunizada caiu. As vacinas que protegem contra o mal tiveram queda. A tríplice viral passou de 96% de cobertura da população em 2015, para 83,87% no ano passado. A tetraviral saiu de 77,37% para 70,6% no mesmo período. O mesmo aconteceu com a poliomielite. A cobertura caiu de 98,29% em 2015, para 84,43% em 2016. No ano passado, mais um decréscimo: 77%.
Mas não para por aí. O Brasil registrou um crescimento no número de casos de hepatite A em 2017, com 2.086 confirmados, contra 1.206 em 2016, um aumento de 73%. Entre julho de 2017 e maio deste ano, o Ministério da Saúde confirmou 1.266 registros de febre amarela no país e 415 mortes. Houve ainda 1.548 casos de coqueluche, surtos de caxumba — a doença não é de notificação obrigatória, entre outros males.
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