Agressões contínuas, sejam elas de caráter físico, verbal ou psicológico, são denominadas bullying. Essa prática pode ser encontrada em todas as faixa-etárias, mas costuma ser observada na infância e na adolescência, tanto na vizinhança, quanto nas redes sociais, mas principalmente nas escolas, onde esse grupo passa grande parte do dia.
São situações onde crianças e adolescentes são intimidados ou ridicularizados, sequencialmente, por motivos banais como hábitos, raça, sexualidade, aparência física e comportamentos. Tais agressões podem causar diversos traumas nas vítimas, a exemplo de depressão, distúrbios comportamentais e até o suicídio.
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que foi divulgada no ano passado, mas se refere a 2019, 23% dos estudantes brasileiros, entre 13 e 17 anos, foram vítimas de bullying no colégio. Esse grupo foi alvo de provocações feitas pelos colegas nos 30 dias que antecederam a pesquisa e revelam que a aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (11,6%) e cor ou raça (4,6%) são os principais motivos para os ataques.
Evitar que essas agressões acontecem seria o ideal, mas estamos falando de algo que não está sob o controle dos pais. O que os responsáveis por essas crianças e adolescentes, que são vítimas do bullying, podem fazer é buscar uma solução ao ser informado ou perceber que isso está acontecendo. Para isso, o psiquiatra Rogério de Jesus diz que conversar é o melhor caminho.
“É necessário ir à escola e entender, junto com a instituição, o que está acontecendo e o que pode ser feito para resolver. Independente da idade que os filhos tenham, é importante que pais façam do seu ambiente doméstico um local para conversar abertamente sobre tudo, passando sensação de confiança, porque assim ele vai habitualmente descrever o que está acontecendo”, instruiu o especialista.
Rogério explica que uma forma para identificar quando uma criança ou adolescente está sendo vítima de bullying é perceber que o comportamento tem destoado do habitual. A falta de interesse em ir para escola ou participar das atividades, queda nas notas, hematomas que surgem sem explicação, dificuldade de concentração, isolamento, atitudes agressivas, baixa autoestima ou mesmo uma certa ansiedade para falar dos assuntos que dizem respeito ao colégio, podem ser sinais.
“O bullying é um dos problemas mais complexos de se resolver na infância atual. Uma vez que o processo de desqualificar ou diminuir uma criança por qualquer motivo que seja, acaba gerando impactos emocionais muito grandes na formação daquela personalidade”, explica Rogério pouco antes de evidenciar o outro lado da moeda.
Aqueles que praticam bullying costumam ser crianças e adolescentes que “reproduzem comportamentos adultos que vêm e aprendem em suas casas. Elas tendem a repetir isso no ambiente escolar e, por causa de uma questão comportamental de grupo, alguns começam a se juntar e escolher alguém quem será a vítima daquele bullying”, avalia o psiquiatra, alertando que nesses casos o caminho também é a conversa.
Porém, quando o diálogo e as atitudes tomadas pela escola não resolvem, ou ainda, quando o bullying deixa sequelas, o caminho indicado é o tratamento com um psicólogo. Rogério indica que “sempre que os pais perceberem que o bullying provocou um impacto no desempenho ou socialização, ou mudanças nos padrões fisiológicos como sono, apetite e disposição física”, é hora de procurar um ajuda profissional.
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