Colônia dos psicopatas: a ilha grega que escondeu segredo sujo da Europa

 

O mundo tem vários lugares que encantam e chamam atenção por conta de suas características e histórias. Como por exemplo, o Dodecaneso, que é um grande arquipélago grego que fica mais perto da costa da Turquia. As histórias e lendas do local remetem à Ulisses da “Odisseia” e a Alexandre, o Grande. Contudo, ele também tem vários elementos não-gregos. Como por exemplo, essa ilha grega tem um segredo bem interessante.

Essas ilhas foram dominadas por cavaleiros, sultões otomanos, militares ingleses e burocratas italianos e todos deixaram suas marcas. Mesmo que a maior e mais famosa seja Rodes, é a pequena ilha de Leros que fica uma cidade única.

Na história, os gregos abandonaram e tentaram esconder a ilha, mas hoje querem que ela seja descoberta, pelo menos, somente a parte mais bonita dela.

Ilha grega

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De acordo com a mitologia grega, Ártemis, a deusa da caça e da vida selvagem, nasceu em Leros. Durante os séculos, da mesma forma que com outras ilhas do Dodecaneso, várias potências estrangeiras ocuparam a ilha grega.

Os otomanos foram quem dominaram a ilha a maior parte do tempo, mas em 1912 eles foram derrotados em uma guerra contra a Itália. Contudo, foi só na década seguinte que os italianos começaram a investir na região, com a ascensão dos fascistas ao poder. O objetivo era italianizar o arquipélago, fomentando a cultura e língua italianas.

Como Benito Mussolini sabia sobre as qualidades militares de Leros, ele queria que lá fosse o lar da Regia Marina, a Marinha Real Italiana, para colocar em prática o plano de controle de todo o Mediterrâneo Oriental.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota da Itália, tudo mudou no Dodecaneso. Em 1947, as ilhas voltaram para o controle grego.

Psicopatas

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A cidade, anteriormente chamada de Portolago foi rebatizada de Lakki, mas só ganhou o nome de novo. Por conta disso ela foi largada por conta da relação com a Itália e por ser um símbolo fascista no arquipélago.

No entanto, no fim do século a cidade chamou atenção por conta de um motivo infame. De acordo com um reportagem de 1989,  foram publicadas fotos de homens pelados e visivelmente maltratados. Os dois estavam desnutridos e foram vítimas de um tratamento desumano de um hospital psiquiátrico.

A reportagem chamada “Europe’s guilty secret”, “O segredo vergonhoso da Europa” traduzido, foi uma verdadeira bomba para o governo grego. Tanto que o país teve que rever as práticas de saúde pública e mental.

Esse caso também ajudou que outros casos foram desencobertos. “Os pacientes estavam abandonados, como vira-latas. Não havia um plano terapêutico real, nenhum planejamento de integração nem contato com as famílias. Era uma triste prisão para homens tidos como inúteis para a sociedade. Foram exilados de hospitais em Atenas ou Tessalônica e enviados a uma ilha remota de almas náufragas”, descreveu o jornalista Verdiana Garau, na revista digital Tablet.

Depois desse escândalo, o governo grego anunciou que faria uma grande reforma no sistema de saúde. O hospital fechou nos anos 1990, mas ainda nos anos 2000 o fantasma da “colônia de psicopatas”, como ficou conhecida, voltou com uma nova roupagem.

Durante a crise migratória na Europa, em 2015, o governo anunciou que iria criar um centro de recepção para refugiados na ilha. Em 2021, a prefeitura apelou com relação à decisão de dobrar a capacidade do lugar.

Recuperar Lakki é difícil, mas não impossível. Agora, o governo de Leros está cogitando candidatar a cidade para patrimônio da Unesco. Contudo, isso só faria sentido se a memória de vítimas do fascismo, da ditadura grega, dos horrores manicomiais e da xenofobia e das crises de refugiados for respeitada.

Fonte: UOL 

Imagens: Envato