A efervescente Tabira
A eleição municipal, já escrevi neste espaço, é a que envolve mais o cidadão. Faz o eleitor entrar na campanha com o coração e a alma. Transpira emoção. No Sertão do Pajeú, de onde vim, o epicentro disso tudo, traduzido em verso e prosa, é Tabira, a 400 km do Recife. Passei por lá no último fim de semana e senti que a cidade mantém a tradição de disputas extremamente acirradas.
O eleitorado tabirense está rachado ao meio entre a prefeita Nicinha de Dinca (PP) e o petista Flávio Marques. De um lado, a torcida do cordão azul, empunhando a bandeira pela reeleição da prefeita, casada com o ex-prefeito Dinca, a maior liderança de direita do município, autêntico representante da velha política nos moldes do Coronel Chico Heráclio, de Limoeiro.
De outro, a barulhenta e agitada trope do PT, o bloco do vermelho, que sai pelas ruas em arrastões cantando e gritando o nome de Flávio Marques, militante de esquerda, ex-secretário forte do ex-prefeito e poeta Sebastião Dias, que governou o município por dois mandatos e morreu em novembro de 2023, vítima de infarto, aos 73 anos, quando participava de uma cantoria em Icó, no Rio Grande do Norte.
Em ano eleitoral, Tabira rouba a cena no Pajeú. A cidade respira política o dia inteiro, a noite completa, a madrugada até o sol nascer. Nos bares, não se ouve MPB, apenas os jingles de campanha dos candidatos, tocados em todos os ambientes, principalmente nas praças e avenidas. A cidade vive um barulho infernal. Mas ninguém reclama. Os arrastões são de arrepiar. Na sexta-feira passada, Nicinha atraiu uma multidão.
No sábado seguinte, a cidade avermelhou com o arrastão de Flávio Marques, para se contrapor ao de Nicinha. Outro fato chama atenção: Tabira é a cidade que mais promove apostas. Variam de acordo com a posse dos que se duelam. Os mais abastados chegam a apostar meio milhão de reais, casas e carros de luxo. “Só não apostam as mulheres”, brinca um eleitor.
Via: Blog do Marcello Patriota
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