Autoridades de segurança do Rio de Janeiro explicaram na quarta-feira (29) os detalhes da operação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em pelo menos 121 mortes – 117 delas de suspeitos ligados ao tráfico, de acordo com o governo, e quatro de agentes das polícias Civil e Militar. Planejada ao longo de dois meses com base em inteligência, a ação incluiu uma tática específica apelidada de “muro do Bope”, montada na região de mata próxima às favelas para bloquear rotas de escape de criminosos. Além das vítimas fatais, houve 113 detenções e a apreensão de 118 armas de fogo, configurando o que o governo estadual descreve como o golpe mais significativo já sofrido pelo Comando Vermelho desde sua origem, nos anos 1970.
A estratégia central envolveu o posicionamento de diferentes unidades policiais em acessos variados às comunidades. Enquanto batalhões avançavam pelas vias de entrada, forçando os alvos em direção à área de vegetação densa, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) formava uma barreira humana na parte superior da Serra da Misericórdia, ou seja, o tal “muro do Bope”. Essa linha de contenção visava impedir fugas e concentrar os confrontos longe de residências.
Marcelo Menezes, secretário de Polícia Militar, descreveu a manobra. “Incluímos a incursão de tropas do Bope para a parte mais alta da Serra da Misericórdia criando um “muro do Bope”, fazendo com que os marginais fossem empurrados para a área mais alta pelas outras incursões. Nosso objetivo principal era proteger as pessoas de bem da comunidade. A maior parte do confronto se se deu na área de mata, onde a nossa tropa estava disposta, e foi uma opção dos marginais”, explicou. Ele acrescentou ainda que indivíduos que optaram por rendição foram presos e que uniformes táticos foram removidos de alguns corpos reunidos na praça do Complexo da Penha.
Victor Santos, secretário de Segurança Pública, reforçou que direcionar os embates para a mata representou uma escolha deliberada para minimizar riscos a civis. “Optamos por deslocar o contato com os criminosos para a área de mata, onde eles efetivamente se escondem e atacam os policiais. A opção foi feita para preservar a vida dos moradores. Tivemos um dano colateral pequeno, quatro pessoas feridas inocentes feridas, sem gravidade. Não utilizamos aeronave para não expor os policiais que estavam na área de mata. Essa alta letalidade que se verificou durante a operação, ela era previsível, mas, obviamente, não era desejada”. Santos alinhou-se à declaração do governador Cláudio Castro (PL) ao afirmar que as únicas fatalidades entre não criminosos foram os quatro policiais.
Para justificar a classificação das 117 vítimas como integrantes do tráfico, o secretário argumentou: “Todo planejamento foi feito para retirar o conflito da área edificada da comunidade porque lá tem muitas pessoas inocentes. Quando retiramos isso, diminuímos a chance de ter uma pessoa inocente ou morador em uma mata fechada. Até pelo horário era difícil ter alguém que não estava a serviço do tráfico naquela mata fechada. Por isso, temos a base para dizer que os 117 mortos são criminosos. A gente não consegue ver o inocente com roupa camuflada ou colete balístico”.
Via: Do Forum

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