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quinta-feira, 18 de abril de 2019

Pernambuco lidera mortes por álcool no Nordeste

Entre os óbitos relacionados ao alcoolismo, 59,3% das vítimas tinham mais de 55 anos de idadeFoto: Arthur de Souza

“Meu apelido era ‘sete vidas’, porque eu já escapei de muita batida. Perdi umas cinco bicicletas. Sem falar nas ameaças que já sofri. Conheço muita gente que morreu por conta de cachaça. Um amigo faz alguns anos foi parar no hospital por conta de bebida e mandaram providenciar o caixão porque ele não ia durar muito. Foi dito e feito. Hoje o conselho que dou a outras pessoas é que tenham cuidado porque o álcool é uma droga sutil, mas que pode levar as pessoas à miséria”. 

Este é relato é de um sobrevivente do álcool, de 54 anos, que preferiu não ter o nome divulgado. Sóbrio há 13 anos, por pouco ele não entrou para uma estatística terrível: a dos óbitos relacionados ao consumo de bebida. Um ranking divulgado pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) coloca Pernambuco como o 2º estado do País em volume de mortes atribuíveis parcial ou totalmente ao álcool por 100 mil habitantes. Somos ainda o 1ª do Nordeste. Os cálculos do Cisa apontam que 42,4 pessoas morrem devido à bebida a cada 100 mil pessoas aqui. 

A publicação Álcool e a Saúde dos Brasileiros - Panorama 2019 compila dados de várias fontes de informação para formar o perfil inédito do impacto do consumo de bebidas em todo o Brasil. Foram levados em conta, por exemplo, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, elaborada pelo IBGE (PeNSE), o levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico do Ministério da Saúde (Vigitel) , além de relatórios da Organização Mundial de Saúde


O estudo verificou que entre as mortes de pernambucanos relacionadas ao alcoolismo 59,3% das vítimas tinham mais de 55 anos de idade. Apenas em 2016 foram 66.928 falecimentos em números absolutos. Os óbitos são mais prevalentes entre os homens: 71,1% eram do sexo masculino. 

Já entre as principais causas de falecimento estão a doença hepática alcoólica (19%), a síndrome de dependência do álcool (16%), a hipertensão (13%) e a doença cardíaca isquêmica (11%). Fora o 2ª lugar nacional em mortes atribuíveis, Pernambuco está no 3º lugar na região Nordeste em relação as internações parcial ou totalmente atribuíveis ao álcool. São 102,4 internações para cada 100 mil habitantes. Foram 543.250 desses atendimentos em 2017 e que custaram aos cofres cerca de R$ 4,5 milhões. 

“São necessários mais estudos para elucidar os fatores envolvidos nesses desfechos em Pernambuco. A relação entre o uso nocivo e as consequências à saúde deve ser analisada frente a ações de prevenção e tratamento disponíveis no local. Além disso, fatores como economia, violência, disponibilidade e qualidade do álcool também são importantes influenciadores desta relação", explicou a coordenadora do Cisa, Erica Siu.

O gerente operacional do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) Centro de Prevenção Tratamento e Reabilitação de Alcoolismo (CPTRA), Luiz Carlos Almeida, comentou que a maior demanda do serviço são de abusadores ou dependentes do álcool. “Geralmente, o usuário especificamente do álcool chega depois de alguns anos de adoecimento e ainda tem dificuldade desse reconhecimento do problema. Na nossa cultura é muito comum as pessoas fazerem uso de bebida, muito comum a permissão de menores de idade fazendo uso de álcool e comum o discurso contra as drogas ilícitas, mas permissiva do consumo de álcool”, comentou sobre os desafios na abordagem ao usuário. 

"Muitos só buscam ajuda depois que passam por algum adoecimento ou precisou de socorro médico. Outros depois de episódios de caráter moral como uma briga ou porque colocou amigos ou a família em situação constrangedora”, disse. Almeida reforçou que do ponto de vista da saúde pública o álcool é a droga que tem maior morbidade e mortalidade, sendo responsável por muitas mortes de trânsito, acidentes de trabalho e óbitos por causas clínica como doenças do sistema digestivo e hepático. A Capital tem seis Caps AD que fazem tratamento gratuito. 

Em relação ao Brasil, o Cisa reforçou que o País teve queda de 11% no consumo de álcool per capita (por pessoa) entre 2010 e 2016 (saiu 8,8 litros para 7,8 litros), mas ainda está acima da média mundial de consumo per capita que é de 6,4 Litro/ano. Já entre os bebedores, o consumo médio é de três doses/dia, maior que a média na região das Américas e no mundo, de 2,3 doses/dia. Outro dado que merece alerta são as internações e óbitos relacionados ao álcool que aumentaram respectivamente 6,9% e 6,7%, na população de idosos, entre 2010 e 2016.

Trânsito - Outra fator preocupante é em relação a mistura álcool e direção. De acordo com balanço do Detran Pernambuco, a Operação Lei Seca autuou 215 motoristas por alcoolemia nos primeiros três meses de 2019. No mesmo período do ano passado foram 30 autuações, ou seja, aumento de 616,67%. Já os dados da Secretaria de Saúde do Estado apontam quedas anuais deste tipo de infração. Em 2018, foram 441.115 veículos abordados e 4.308 multas por alcoolemia. Um percentual de 0,97%. Enquanto em 2017, 378.006 abordagens resultaram em 5.291 multas (1,3%).


Fonte: FolhaPE

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