quarta-feira, 19 de julho de 2023

Globo é processada em R$ 1 milhão por chamar trans de ‘mulher que se passava por homem’

 

A Globo foi processada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo por chamar uma pessoa que se declara homem trans de “uma mulher que se passava por homem”.

A cena ocorreu numa edição do Fantástico de 2019. O site Na Telinha divulgou a informação nesta segunda-feira, 17. A emissora foi processada sob a acusação de ter feito uma reportagem “de cunho transfóbico”.

“Segundo a instituição, o programa usou um termo preconceituoso para se referir a um homem transexual morto em 2018”, diz o Na Telinha.

A mulher biológica viveu como um homem por mais de 50 anos, mas com documentos falsos. A Globo está tentando um acordo para não pagar a indenização de R$ 1 milhão.

Por que a reportagem da Globo gerou revolta no público trans?

Lourival Bezerra foi chamado de “mulher que se passava por homem” pela Globo, mas instituto alega que se tratava de um homem trans | Foto: Reprodução/Rede Globo

“Você vai conhecer hoje o segredo de Lourival”, disse a apresentadora Poliana Abritta, ao narrar a chamada para a investigação do homem transexual. “Mulher se passa por homem durante 50 anos. Nem a família sabia.”

A intimação ocorreu dias depois da exibição da reportagem, em fevereiro de 2019. O Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat) argumenta que a Globo desrespeitou Lourival Bezerra quando o chamou de “uma mulher que se passava por homem”.

De acordo com o Ibrat, a emissora deveria chamá-lo de “homem transexual” — considerado o mais adequado pelo instituto. A audiência de conciliação será em 31 de agosto.

A edição do Fantástico de 3 de fevereiro de 2019 está disponível no Globoplay, mas a reportagem sobre Lourival foi cortada. O serviço de streaming da Globo deixou apenas um aviso ao usuário: “Esta versão foi modificada em sua versão web“. A emissora não explicou a razão da mudança.

A polícia ainda investiga se Lourival Bezerra de Sá, que morreu, aos 78 anos, se identificava como um homem trans ou se era uma mulher, com outra identidade, para esconder algum crime. Seu registro feminino, de Enedina Maria de Jesus, também era falso.

Lourival se casou com uma mulher e criou os filhos dela como se fossem seus. Entretanto, o casal não tinha relações sexuais, de modo que sua família não sabia se o homem trans tinha órgãos sexuais femininos.

A descoberta sobre os órgãos sexuais femininos ocorreu apenas na morte de Lourival, em 2018. Naquele ano, o homem trans teve um infarto fulminante e precisou da ajuda de socorristas.

Ao tentarem reanimar Lourival, os profissionais de saúde perceberam que havia órgãos femininos em seu corpo, e não masculinos.

Via: Revista Oeste

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